quarta-feira, 2 de maio de 2012

Estou escrevendo off line.
E, nossa, como isso é bom.

Se eu ficasse rica com isso seria perfeito.

Por enquanto é só uma forma de escapar.

Não morri, não desapareci, não desisti.

Só vou ali, ver o que perdi.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

diga a verdade, doa a quem doer


ontem à noite eu conheci uma guria
uma guria que eu jã conhecia
de outros carnavais com outras fantasias

            Porque eu não sou alguém que perde o sono por qualquer coisa. Na verdade, acho que não perco o sono por (quase) nada. Então, quando acordo no meio da noite respeito muito. Porque algo aconteceu, algo efetivamente me chamou a atenção.

o fogo ilumina muito
por muito pouco tempo
em muito pouco tempo o fogo apaga tudo
tudo um dia vira luz
toda vez que falta luz
o invisível nos salta aos olhos

            Daí que estou aqui, acordada às 3h da manhã. Porque sim, há um motivo. Reavaliando conceitos, diria. Não, nada demais. Só deixando cair a ficha de que não adianta querer que o mundo seja diferente se eu não quero ser diferente. De novo aquele afán de querer mudar tudo. Então, vamos lá que nada me impede. Quero dizer: vamos lá encarar que só uma coisa efetivamente me impede: Eu mesma.

no início era um precipício
(um corpo que caía)
depois virou um vício
foi tão difícil acordar no outro dia

            Não adianta fazer todo um discurso bonito se eu não o colocar em prática ou reclamar da inércia do mundo se eu não encaro a minha inércia e faço as coisas diferentes.

            O caso é que - EU SEI E ASSUMO - essas ideias mirabolantes nascem no meio da noite e quando o sol aparece eu pensa "ai, mas que trabalheira, deixa pra lá".
Mas eu não quero deixar pra lá. Porque não é assim que as coisas vão dar certo.

            Houve duas situações que me deram o estalo, é bem verdade. Duas situações que mostram que eu estou caindo nos mesmos erros e que se continuar assim vou repetir o mesmo comportamento que eu luto tanto para evitar e que havia dito que "nunca mais" faria de novo.
Pois é.

            Tenho medo dessa ideia do "nunca mais". Porque, porra, é falar "nunca mais" e eu fazer a merda de novo, do mesmo jeitinho, com as mesmas falas.
            E eu não quero mais isso.

o que você me pede eu não posso fazer
assim você me perde, eu perco você
como um barco perde o rumo
como uma árvore no outono perde a cor

o que você não pode eu não vou te pedir
o que você não quer...eu não quero insistir
diga a verdade, doa a quem doer
doe sangue e me dê seu telefone

todos os dias eu venho ao mesmo lugar
às vezes fica longe, difícil de encontrar
mas, quando o neon é bom
toda noite é noite de luar

no táxi que me trouxe até aqui
Willie Nelson ma dava razão
As últimas do esporte, hora certa
Crime e religião
na verdade
nada é uma palavra esperando tradução

toda vez que falta luz
toda vez que algo nos falta
o invisível nos salta aos olhos
um salto no escuro da piscina

o fogo ilumina muito
por muito pouco tempo
em muito pouco tempo o fogo apaga tudo
tudo um dia vira luz
toda vez que falta luz
o invisível nos salta aos olhos

ontem à noite eu conheci uma guria
já era tarde, era quase dia
era o princípio
num precipício era o meu corpo que caia

ontem a noite, a noite tava fria
tudo queimava, nada aquecia
ela apareceu, parecia tão sozinha
parecia que era minha aquela solidão

ontem à noite eu conheci uma guria
uma guria que eu jã conhecia
de outros carnavais com outras fantasias
ela apareceu, parecia tão sozinha

no início era um precipício
(um corpo que caía)
depois virou um vício
foi tão difícil acordar no outro dia

ela apareceu, parecia tão sozinha
parecia que era minha aquela solidão

domingo, 25 de março de 2012

Estou no momento do silêncio.
Essa coisa dentro de mim, quer falar.
Então, me calo.

Sinto que há alguma coisa na esquina, esperando, querendo se mostrar.
Sabe quando você sabe que alguma coisa está fora do lugar, está faltando? Pois então.

E essa "coisa" que está querendo me dizer algo.
Mas em silêncio.

sábado, 30 de julho de 2011

"a melodia da canção é aparentemente bastante simples, 
ingênua quase,o que provoca uma estranheza 
que julgo interessante". 
Folha de São Paulo, 15/07/2011

Das minhas estranhezas
Poderia dizer muito.
Contar o quanto me agonia querer muito alguma coisa
E, ao tê-la, desprezá-la no instante seguinte.

Falar horas a fio
E rir das minhas tragédias
Que tanto me fazem querer morrer.
Relatar os momentos mais embaraçosos,
Como se nada fossem,
Como se meus não fossem,
Porque são estranhos,
Me são estranhos.
(Isto também é uma das minhas estranhezas).

Porque estas coisas tão estranhas ao demais,
Tão comuns a tantos,
Tão cúmplices de outros,
São minhas curvas,
Minhas cores,
Minha vida.
Quanta estranheza há em um simples parágrafo,
Em uma simples entrelinha?

Seria realmente uma excentricidade,
Como tantos dizem, afirmam,
Ser o que sou,
Querer o que quero,
Não porque os outros assim o esperam
Mas sim pelo simples prazer
De mais tarde não ser o que fui
E não querer mais o que quis?

Poderia, também, contar que há dias que tenho medo,
Muito medo,
Até de sair da cama.
E em outros - não tão distantes -
Quero que todos me ataquem
Só para que eu mostre
O quanto é fácil me defender.

Pelas minhas estranhezas
Tenho apreço.
Não porque elas me diferenciem,
Me marquem,
Me destaquem -
Dizer tudo isso, que absurdo clichê!

O caso é que em cada estranheza,
Rareza,
Peculiaridade,
Me reencontro.
Me redescubro,
Me reinvento
E vejo que ainda há tanto em mim
Querendo ser e renascer
Que o mundo não entenderia,
Não compreenderia
Se eu dissesse sobre tudo
O que ainda estou por ser.

Delírio Niilista: falso sentimento de que o mundo, as outras pessoas ou a própria pessoa não existem